Coragem
Pela viração do dia, caminhei por um belo jardim.
Nele, ecoei a voz da minha vontade, indagando:
- Onde está, força minha? Por onde se exibe em vigor?
Com a fala trêmula, ela me respondeu:
- Ouvi os teus passos no jardim
e escondi-me, pois, me vi murcha e temi.
Perguntou a minha vontade:
- Quem lhe fez ver-se murcha e a temer?
Ao que me respondeu a minha força:
A covardia! Foi ela ao cantar impossibilidades, que me fez fugir de ti.
E outra vez, a minha vontade a interrogou:
- Comeste a semente covarde, qual a precaução, disse-te para dela não
comer?
Sim! – Exclamou a minha força.
Houve instantes de silêncio, interrompido pela justificativa da minha
força.
Disse-me ela:
- Foi a fútil vaidade quem me deu a semente covarde para comer.
Ouvindo eu isto, a minha vontade inquiriu a fútil vaidade:
- Que foi que tu fizeste?
Ao que ela me respondeu:
- Fiz que a tua força acreditasse no que ela pensou ser, ou seja, que é
mais importante do que a coragem. E ainda, após induzir a tua força a comer a
semente covarde, essa tal a fez ver-se murcha e a temer ao teu chamado.
Sabendo eu destas coisas, fiz a minha vontade sussurrar aos ouvidos da fútil
vaidade:
-O tempo lhe será um próximo e mais o severo dos inimigos.
Dito isto, a minha vontade fez secar as raízes da covardia em mim. Desde
então, volto ao jardim onde a força não é o necessário, senão, a coragem.
Raitler Matos.
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